segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

um segredo e duas setenças


título de romance de quinta. você me lembra um folhetim de século. um passado que incomoda. ninguém tem culpa das marcas do tempo. você sabe o que te fere. uma soma de quadrados perfeitos. nós. e dois. você tem mania de perfeição. uma promessa de dar tudo certo. relógio desparafusado da parede. cama que range. multidão no tom do acorde. meia idade e uma crise. doce confusão de dados. amparada num muro. entre o chão e um céu com estrelas e mar. seu nome tem mar. me toma com fome de touro. bruto. na agressão. é satisfação garantida. cartas de tarot com bordas de vime. no tempo dos teus rugidos. peito e braço forte. canta vantagem e me pega pela cintura. abraça com força pra não me perder nas ondas. se ela veste um desejo, você completa com sapatos e verniz. quando seu cheiro fica na minha cama eu acordo embriagada. catando cada caco que sobrou nos cantos, nas paredes, debaixo e em cima, lado e outro. e foge ao tocar um seio. lembrar e passado recente. me dando uma lição com palmatória de como ser gente grande e encarar o fato da crueza dos dias. condenada por Deus a vagar num vale estranho. não devia fazer disso uma piada. todas as pistas e sinais possíveis de fuga. quer me chamar alto pelo nome e cantar uma nota que fale de amor, mas você só pensa em grana meu bem. e como todo homem com medo, julga com covardia. não vou defender minhas virtudes. não vou querer você amanhã, nem te pedir em casamento. inversão de papéis. analgésicos e similares. acho que ando te traindo como toda mulher ordinária é capaz. queria saber se na última semana você realmente me queria ou se já esqueceu meu nome. ficou nervoso pelas marcas. me aliviou do peso. eu sei que não convenceu meu volume de pêssego na voz nem as investidas calcadas em mentirinhas infantis. mulheres são dissimuladas. sim. quase todas. e estou com pernas bambas. prefiro guardar você em algum lugar escondido. condenação e inquisição velando minhas culpas. prefiro te esperar à porta pra sequestros mágicos e música. embora saiba que eu sempre vou ter que continuar o dia seguinte sozinha rumo ao não sei onde com ou sem motivos de partir.

entre não querer saber e parar no tempo com bobagens


mania de enxergar pessoas como trapos e fivelas enferrujadas. muitos cintos lascivos e frouxos. alusão e estratégia de combate. hoje eu coloquei uma música triste pra me lembrar daquele vazio que você marcou a ferro em brasa. já te disseram que hoje eu não consegui ao menos chorar em paz? acho que não. não te contam os detalhes. inúteis. não te contam nada que realmente importa. só mentiras amáveis sobre mim. tranque você suas portas e torne minha estadia a mais incômoda possível. eu não quero nada seu. repito. não adianta vir com promessas, o caralho, escambau alado. não quero! a mim você não convence. é guerra. e não me chame pra arrancar a bala engasgada e entregar minhas senhas. acesso negado. falta sempre um pedaço. acho que eu era outra coisa mesmo. conquistei este tom grave às custas de muitos açoites, fique sabendo. um espaço que não cabe em vão e madeira. não quero falar que você me importa demais. às vezes. não posso contar as mentiras que enviei semana passada. chás de erva-doce. fé cega e faca amolada. me contaram que você era perigoso. fiquei com medo. medo e defesa. esqueci de te contar. esqueci também de te lembrar. desculpe. denovo aquela mania de comiseração. não precisa ter piedade de mim. com você é a ferro e bala. e morte certa. não adianta me acordar em meio a noite pedindo água, nem me levar ao céu 3x na semana. aqui é pedra e defesa. não venha me dizer coisas que não acredito. você na verdade só quer mais uma. que você ao virar a esquina vai esquecer até meu nome. sou daquelas que amam e matam por motivos banais. cuidado você também. posso ter mil faces e uma que negue todas elas. fica a seu critério o nível de avaliação. escolhemos a distância como resposta. me entristece teu viés negro em volta dos olhos. desculpe. mas não consigo te olhar com bons olhos. foi você quem começou esta história. não me confunda dos pés à cabeça por nada. cansei de te esperar com um copo amargo na mão. esperando desculpas e ofensas que não mereço. desculpe. você não me acorda com amor nem me manda flores em horário comercial. acho que não merece sequer a dor. só peço que me perdoe. talvez eu tenha traído. lavei meu rosto com cal e desfiz nós nos dedos descalços. agora eu posso andar em paz. ou tentar ao menos.