sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

talvez precise encarar o monstro.


quando você me pegou pela cintura pensei que havia assinado um contrato de posse. preciso desacreditar. preciso abandonar essa mentira. minhas palavras não cabem. poucas coisas e meios podem traduzir toda fossa que se tornou minha inútil merencórea locomotiva de vida. de merda. acentuando uma dor aqui. contrapondo uns deslizes alí. eu precisava não descer do salto toda vez que sinto que estou perdendo. você já se cansou de insistir. eu entendo. também preciso arrancar saldos positivos pelo dia pra conseguir traduzir uma dor no ombro. eu andei perdendo a cabeça. eu precisei fugir pro meu 1/4 de espaço reservado ao delírio. eu precisei também tornar a dor e o café mais amargos. precisava sentir o gosto da sua mentira. precisava alcançar o teor no suor de homem e mentiras de meia idade. me tornei talvez um montro acomodado com o lodo no fundo do lago. talvez um utilitário doméstico que não funciona mais. nós deixamos a surpresa debaixo de alguma vasilhinha decorativa de cozinha. perdida na sala ou qualquer outro cômodo. não vou conseguir associar sua imagem a algo que me provoca inúmeras reações adversas. eleita por maioria e voto único: [1]ciúme. estou sem dormir. passo o dia secando imagens. revelando estados oscilantes de muito ódio e devoção incondicional. talvez esteja obcecada por uma mentira. e você me avisou. eu sabia. e fui mergulhando sem respirar. fui perdendo o ar de repente fui morrendo em algum fundo. e não consigo escapar a tempo. precisava de você aqui talvez me abraçando, me dizendo que as coisas ficariam bem apesar dos acidentes. dos guardas e dos passistas. do telefone tocando e ao fundo aquela múica triste falando de solidão.
preciso parar de exagerar no sofrimento. engulir a seco. deixar você ir embora. calar.
só deixar a música acontecer e o telefone tocar.
preciso entender que acabou. e desta vez é de vez.