segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

sem título extenso que muito diz e nada é o que parece.


-tudo bem,

ela sempre soube aceitar a indiferença dos seus.
na primeira pessoa pensava que um dia ou outro,
mais cedo ou mais tarde, impetuosamente
sua vidinha medíocre lhe pregaria uma bruta surpresa desagradável
aquela pessoa que tanto tinha medo de nutrir possíveis sentimentos
calcados em instintos que ainda não dominava, poderia sem mais nem menos,
fazer de conta que não notara por sua presença.
Ela: ser inclassificável, idiossincrásica, em estado bruto de natureza retorcida
acostumada por toda uma vida a calar no muro o dedo lixado
a reparar em botões na vitrine e encarar a vida com ajuda de plascebos.
era fuga o problema dela, encarada por alguns como um mal imperdoável,
e pra outros até que lhe rendiam uns momentos de prazer.
noites mal dormidas lhe rendiam sonhos.
o mais nítido da última noite aparecera um gato branco com problemas
de pêlos, quando chegou perto, assustou-se com um verme avermelhado que percorria
as veias em tranparência, no gato quase morto lhe corriam vermes nas veias. gatos lhe davam agonia, lhe traziam uma amarga lembrança de criança






quando o padrasto chegou pra almoçar, naquele dia, meio dia no relógio, o gato de rua que lhe fazia companhia estava com fome, gatos pequenos sentem muita fome, ela não perdoou, não sabia perdoar, não queria fazer nenhum esforço pra isso, o maldito homem de calça jeans matou seu gato a paneladas, frias, de muito ódio, alguém consegue explicar que gatinhos indefesos não lutam com panelas? o metal arrancou sangue do bichinho. ela só corria chorando, ela chorava o gatinho já morto.



como num transe essa era a única dor que ainda a fazia odiar o homem da calça jeans.
não se pode acordar ileso de sonhos estranhos, concluiu.