quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

o que a mão ainda não toca/coração um dia alcança...


"eu só peço a Deus... um pouco de malandragem... pois sou criança e não conheço a verdade"
me entorpeceu como um veneno. aquele lugar faz isso com as pessoas. e um filete de passado reverberando entre costelas. relicário chinês. aquela moça que saiu de vestido novo. pegou um pássaro e foi às nuvens. caiu da janela. pulou frenética duas músicas que cantavam tua própria história. pagou caro por uns segundos de magia. não fez questão de lamber o chão na saída. acorrentada com questões de alma. leiloou-se por uma bagatela. e nem a chuva escandalizou o grito na esquina. cansou. deitou. morreu. voltou. aproveitou. queria uma verdade. esqueceu dos pais. do dia útil. da vida mesquinha. de achar melhor andar sozinha. esqueceu tudo. aquele moço não a deixava aterrizar. a levaria pra casa e acomodaria entre os travesseiros, a levaria às nuvens de qualquer jeito. pela nuca, mão firme, ancas e presilhas, sais e pimenta, bombons de cereja, ele a levaria de qualquer jeito. ninguém sabe a última rua em que se meteu. perceberam tarde o abismo entre os dedos e os limites impostos. afundar-se na noite. esquecer de si. música e janela. confusão mental. metáforas no bolso furado. saias e brilhantes. dia seguinte e tudo acorda gritando saudade com escândalos na avenida. e a integridade preservada acima de qualquer coisa. afinal. é moça comedida. agora sofre desgraçada!
"ainda é cedo amor... mal começaste a conhecer a vida... "