segunda-feira, 20 de setembro de 2010

transição e inverno no oriente.


sem genealogias de começo meio e fim. posso me enquadrar assim. comparando-me aos pombos, me escondendo em biombos. e procurando salvação. em cada retalho do meu corpo. ao sabor do metal. que me corta a língua. aos dissabores do tempo. me inchando os olhos. aos santos e seus desejos metafísicos sem forma. posso enrolar meia língua. espumar por rancor e atender um telefonema. que tem a voz de um fantasma. que me pergunta se o teor da minha mentira é algo próximo ao alcalino ou chega como um adstringente na mucosa. esse monstro de guelras e fôlego curto. que aceita a minha mentira e se afasta. a tempo. nem precisei contar-lhe os dias e enfeitar minhas ancas. nem precisei catalogar meus distúrbios e entregar planos secretos. não contei que me apertam os dedos e não tenho saliva suficiente. não aceitei a petição de socorro. não. dessa vez é diferente. eu posso escolher.