segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

nado peito

modalidade de sofredor. daquele que compra uma dor, vende cicatrizes, almeja um Merthiolate. queimando largada, encarando leões marinhos, serpentes subaquáticas, baleias oníricas. naqueles sonhos absurdos onde mato o ancião, desejo o mago, quebro a coroa da rainha no dente, estapeio o louco, afrouxo o nó do enforcado. acoplei a roda da fortuna na minha bicicleta. o pneu tá furado. alguns tem sorte, nós temos dor de cabeça. e penso que não adianta jogar no lixo boas chances. as verdades continuam as mesmas. toda essa dor, esse amor preso na boca, essa frustrada tentativa dum quase sucesso. nos meus trinta anos não cabem meias, inverdades. não cabe o amor platônico. não cabe o orçamento incompatível. sonhei que éramos titãs. daqueles que pesam em sonho como barras de ferro. efeito bigorna. plausível. as pessoas desejam nossos rins, fazem questão de esfregar nosso nariz no chapisco. querem nosso sangue, sua vingança cega, uma resposta, reação viva, bote rastejante. cuidado ao cortar-se. o sangue que esvai não volta. esvai.


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um beijo tônico. que deixa claro que poderia acontecer algo. mas não acontece. por má vontade política. por conspiração de anjos. por brincadeiras que não fazem sentido. nada mais faz sentido às 00:00h. substancialmente só. onde peso tudo. as toneladas de desejo. os castiçais de alvenaria. aquele amor que não morre. atropelado. escamoteado. lúgubre. que inventa as próprias verdades. que insiste. que às vezes arranha os olhos, abre comportas de céu que se derramam em prosaicas vontades. estanques. que não tem porto. não vivem. por falta de coragem. por inocência, talvez. Elas me estraçalham e arrancam tudo. me matam devagar. bebem meu sangue em vapor. não encontro ele ao lado pra me dizer uma palavra doce ou me convencer que minha dor é menor. ele fugiu com outra. me abandonou no meu altar.

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