sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Dolores e o aroma da morte


mulher insatisfeita. essa era Dolores. não se sabe ao certo o motivo que a levou cometer suicídio na principal avenida da cidade. alguns vizinhos alcoviteiros alertam aos investigadores. que um tórrido romance outrora tenha chamado atenção quanto aos desvios de conduta da moça alegre e recatada. acreditava em duendes e ações prolixas cheias de boas intenções, salvaguarda de bons motivos. cega. absolutamente embebida em paixão. cultivava flores tristes. homens rotos. vestidos azuis. do anil ao ciano. com maestria de signos. luzes e convites. já a chamavam de "a passeadeira" dava de ombros como resposta. não aceitava aquela reprovação. preferia as esquinas perdidas ao destino das moças em estado decretado de infelicidade póstuma adquirida em vida. as casadas. eram pra ela uma espécie de gente que não mereciam respeito. Suzanna, por exemplo, morria umas três vezes em cada fim de tarde a esperar o marido Jorge. Que a lembrava uma outra espécie de homens. os oportunistas do prazer. que nenhuma mulher em sã consciência deveria dirigir ouvidos. Dolores consentiu uma única vez com as prevaricações de Jorge no contrato nupcial. Esta jovem senhora no auge de suas 30 sedutoras primaveras carregava junto ao seio a marca do amor. uma quelóide imensa. que traçava o início e o fim de um conturbado romance. com um homem casado. outra sub espécie.