quarta-feira, 13 de julho de 2011

Seria seu porto, sua casa, uma manta de algodão lhe protegendo os olhos.

Esta moça, embriagada, vai tentar repetir a sensação de conforto a cada dez segundos.

Ela vai arranhar o pulso entre as frestas da janela, vai ouvir quinhentas mil vezes a mesma música, pra transformá-lo numa loucura, pra tê-lo em sonho induzido, pra saber que os astros irão trabalhar a seu favor, a sorte o trará inteiro, seco, menino.

Ela ainda brinca com um clichê. Amor Romeu e Julieta rarefeito.

Agora ela é adulta, ele um macho alfa arrebatador de coraçõezinhos. Isto, ele não havia falado...
Agora, pouco a pouco ela vai procurar se desligar dele, como se desliga um eletrodoméstico direto na tomada.

Ele vai ignorá-la, fazê-la sentir junto com o arrepio, um frio ártico, condená-la a vagar por um deserto de nuvens, cair da ponte que liga nenhum lugar a lugar nenhum.

Enquanto isso, como um mantra, jura que vai se dedicar pra cada segundo de afeto.

Pra sua volta triunfante com seus dardos de brinquedo, suas mãos calejadas, seu ombro machucado, seus olhos de fogo e tudo o mais que a consuma em fração de segundos.


Ela nunca dorme sem repetir seu nome. Precisa aprender a sonhar. e voar.




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