quarta-feira, 11 de agosto de 2010

o assassinato de Mary Stevenson




quando atendi aquele senhor mal sabia o significado de suas luvas de couro no balcão. estava a mando, agindo em anonimato. um detetive de quinta com um assassinato sob encomenda. via nos seus olhos a inquietação. o tremor. mas já havia degolado várias. não cabia tamanho nervosismo. ao parar em uma padaria e pedir um inocente pingado é quem deixou sobressair de relance o endereço da vítima. sim. Mary Stevenson, Avenida Quasar, 69, Belgrado City. Socialite famosa, havia enriquecido vendendo veneno para ratos. a mais famosa empresa que promovera um raticínio secular em uma invasão de roedores que quase comprometera todos os mercados da cidade. Desde então Mary Stevenson, ex participante de um programa de realidade em evidência de franquia mundial, era aclamada, amada e odiada por toda cidade. Mal sabia em seu intervalo para café, onde socializava-se com seus funcionários naquela manhã de temperatura 32º, que estaria prestes a encontrar-se com o além, o misterioso e temido lugar para onde todos vão, mas nunca voltam. Mary comia robustos croissant's, regados a suco de cajú e especiarias portuguesas. Sentiu uma leve tonteira e pensou que tudo estaria bem, seria a glicose. Pobre Mary. Na manhã anterior estivera com seu amante em um motel barato da cidade (Cai e Alí Fórnica Mottels), mal sabia que seu marido havia contratado um investigador que atende por Kill Flies de Padaria nas horas vagas. Mary vestia um corpete modelo séc.XIX de lycra vermelha e renda Luis XV. Sentia-se poderosa com todos aqueles homens (o amante da noite anterior era o 5ºda semana), supria toda frustração de um casamento de aparências entregando-se a homens recém alistados no exército, ao qual cumpririam funções secundárias até subirem de patente, sentia verdadeira compaixão por estes homens de baixo calão. Entregava-se sem reservas, deleitava-se em sórdidos gozos com requinte de sadomasoquismo. Proferia impropérios e chingava seu marido de gordo, careca, infeliz e broxa. Todas estas palavras rossoavam na cabeça de seu marido que dormia na suíte ao lado com uma prostituta importada da Rua Augusta. Onde ele metia 6 dentro sem tirar. De todos os impropérios o que mais o deixava estarrecido era o "broxa". Agnaldo Antunes não permitira que nenhuma mulher o fizesse chorar em vida, nem sua falecida mãe o conseguira, no entanto, Mary estaria a um passo da morte ao proferir tamanha ofensa, fazendo o marido sentir-se impotente diante tamanha mulher com tatuagens tribais e piercing na língua cavalgando e trotando em seu cavalo fálico marinho. Agnaldo que por toda a vida soube escamotear a parentes e amigos seu amor e sua devoção a Mary, contratara sem manchas de remorso um detetive matador de faxada. ou um detetive fachada matador de verdade.
Agnaldo respirava ódio e escrevia poemas sujos na porta dos banheiros de motel. Com inscrições colegiais e mensagens subliminares. Talvez ninguém associasse de forma correta. Mas a data marcada na porta do banheiro da suíte 502 do Cai e Alí Fórnica Mottels seria a data do assassinato de Mary. Aquela maldita a quem Agnaldo Antunes amara em vida e muito mais em morte.


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*nota da autora: vou tomar um café para mais um capítulo desta anti-novela. eu não fumo. merda!
*ainda vou editar!

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