quinta-feira, 26 de novembro de 2009

olhos perdidos


olhinhos tão vivos. iguais aos dos peixinhos em aquários de mar. ando lendo seus segredos. saltos em distância. sempre vejo o menino perdido em busca da fantástica fábrica de chocolates. você não quer ser o que é. comer o que come. saber de toda a mentira a respeito dos anjos e das implicações que acarretam. prefere ficar com a lua. agarrado num traço a lápis. limpando os pontinhos no oceano. levando no bolso uma coleção de receitinhas de auto-suficiência. meio infantil. meio homem. meio nada. sempre perdendo. você. os outros. objetos de desejo. quem ama. um anjinho caído. na prática alguns minutos não fazem diferença. tapete persa e infiltração no teto. sua mãe te lembrando do absurdo que é uma formiga encontrar-se sozinha em meio a tanto açúcar. seu pai martelando o mesmo prego no meio da sua testa. seus cães no domingo sem coleira e parque. lado roxo da parede. ponto branco de obrigação. carruagem de abóbora. relógio de festa. dear. tente ver. toda manhã o que passa pelas grades do seu quarto. sinais de fumaça. a fada borboletinha te chamou na noite em que os soldados de chumbo resolveram bater em retirada. WAR. eles perderam uma batalha importantíssima pra mais um título de honraria. lance de generais e altas patentes. dois sargentos de túnica rosa. outono em maio. tema Rio Kwait. uma alucinação de sangue e meteoros. não sei o momento certo pra estender a mão a tempo de te salvar. nem te lembrar a todo instante do que nem eu sei onde fica. aquele mar. suas colunas de junco. meias furadas. sapatos escorregadios. poeira num canto do peito. desculpe. não consigo estancar a represa no seu quarto. chave perdida. código egípcio. ponte e desalinho. pequenos elefantes, bailarinas de móbile e uma sonata automática te acompanham na minha vitrine.