domingo, 9 de setembro de 2012

c.r.r.r.r.r.i.s.e.com

de onde ele vinha ninguém sabia, era um homem sem passado, sem perspectiva e definitivamente desprovido de futuro. morto homem. ele que aparecia pendurado na janela da vizinha de gola e pés descalços. 5m suspenso. [o enforcado]. homem de botas carcomidas e enlameadas. coração puro e carne viva. ele sonhava devagar e devorava os seios da amada. lixo de indivíduo. eram seres repugnantes. em meio a baixas honrarias, médias certezas, cada vez mais cheios de tudo. devoravam-se com calma e parecia que gostavam de arrancar pedaços entre si. eram repugnantes. seres intermediários de olhos vagos e muita fome. outro dia foram vistos de mãos dadas em uma rua estreita e caída. não havia revolta. consentida dor, consentidos remédios, consentidas desculpas. mas o medo que os unia era forte, mais forte que o amor, mais forte que o fim dos mundos. o medo que era a medida do ódio, a medida do amor, a medida da morte. o medo que os unia semeava uma erva maldita no sótão. erva carnívora. [...]