terça-feira, 30 de março de 2010

confissões de Safo

[por meus remédios]


se eu confessar minha traição, posso morrer sufocada em paz? e se eu deixar um filho acontecer por culpa do acaso, você vai me perdoar? onde eu enquadro tanta mentira? onde eu deslizo como sorvete por algum campo de areia? tocam violinos solitários. um som que emerge do chão.
[...]
apostas e perdas irreparáveis. vocais, plural e o peso do decassílabo errante. resultado de uma operação trigonométrica passional. just simple, my dear. existe uma sinfonia de grilos embaixo da minha cama. eles montam inquéritos fraudulentos. defendem teses sem utilidade. pelo gosto do julgo. da moral. da classe. da técnica. da assepsia. tocam jazz. muito alto. estes grilos não me deixam dormir. não me abandonam também. grilos e vagalumes. são às vezes amigos de confidências e sujeitos exilados. entendo muito bem a decadência de cada um deles. ponto a ponto. pernas e pontas cortantes.

[...]
também preciso parar de investir no discurso enfadonho. estúpida inanição fabricada.
minhas contas acumuladas. meus discos de rede. óbvio ululante sem esporas.
preciso do amor incondicional da puta. da entrega sem precedentes. deixo a conta e os méritos arriados junto às calças.

e eu perdi o fio da meada. pois eu paro. continuo. quebro. volto. e nunca vou.

[...]à merda!