terça-feira, 14 de setembro de 2010

carta náufraga


aos 22 augustos dias de inverno prosto-me diante uma quilha de papéis. vou reconhecendo as milhares de cápsulas de tempo que andei compilando. e então partindo do mesmo ponto saí na noite seguinte e comecei a investir seriamente nas ciências ocultas de pé de cabeceira. onde vou também compilando sonhos. gratuitos. não há saída para metade das minhas aspirações e eu até comecei a acreditar em toda patifaria que me contam a respeito dos anjos. também vou acreditando na boa fé das pessoas que me rodeiam. todas elas são maculadas e recebem antes de mim um anjo protetor aos ouvidos. dizendo para manterem-se longe daquele que não os querem bem. códigos metamórficos. manchados, enodoados, sujos. e com antíteses venço minha noite de fantasmas ressucitados. não me deixam mais dormir, cumprir horários e meticular cada ação executada. mesmo com todo cuidado a que dediquei cada segundo investido. é sempre insuficiente. agora minha vontade é de por exemplo não depender. de absolutamente nada. mãe, irmã, pai, tio, tia, patrão, chefes, entidades, ordens, contas, prestadores de serviços, e tudo que vem acarretado, engrenado e metrado. risco. vários papéis. o atrito me incomoda profundamente. tato e grafite. uma bigorna de 1.000kg sobre os seios. equilíbrio ébrio. e salpiquei todo confete no assado. por que querem cor e me querem arruinada. então eu mantenho a ferida no pulso, desde que haja sangue para jorrar na terra morta que anda com sede. filtrando aquela sujeira primeira de atos. mãos. pensamentos sórdidos e delicatessen's de padaria.
preciso aceitar, mas tá difícil táh. bem difícil.
dica do chef: -esprema-me como um limão seco. tornarei-me limonada em dois tempos.