sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

cartas e ensaios de partida


uma carta deixada no retrovisor do seu automóvel. ando trocando correspondências com um estranho. perdi meu pai. você brigou comigo. não consigo mais estabelecer um limite para cargas emocionais. ok. você veio denovo. conforme combinado. nisso não posso reclamar. ninguém sabe, pode acreditar. só não me force no engodo do amor. pra quem esteve tanto tempo sob o teto do abandono, falar em amor a esta altura do campeonato, soa ridículo. me perdoe. vou lhe devolver um troco. é só esperar. reparei que estamos nos correspondendo à base de pequenas vinganças. algo errado. me usa sem meu concentimento. muito mal mocinho. não se faz isto com mujeres indefesas. não na minha casa. vou costurar uma burca. lhe enviar um atentado terrorista. calçar meus pés com brilho. esfumaçar meu rosto. entrar em luto. sangue nos olhos. arrepio de espinha. alcoviteiros de plantão. você não é mais problema meu. vamos entrar num acordo. peço que suma da minha vida e me deixe sozinha. não adianta nada de nós dois. o mundo não sabe e não precisa. você me pisa e eu tenho que aceitar? às favas meu bem. pra eu não perder o rebolado e cair na penúria. "cuide de você"